ENTREVISTA

 

                         BOM DIA!

Entrevista no JORNAL COPACABANA

com SELMA REIS    FALA VIZINHO
                 Por Renata Moreira Lima



Enquanto não tem confirmada nova data para apresentação no Rio de Janeiro, Selma Reis curte a vida de moradora de Copacabana. Adora passear pelo bairro e a pluralidade que há nele. E foi no Café Traiteur de France que ela falou sobre os mais de 20 anos de carreira, do gosto por música clássica e do novo trabalho, o CD O Poeta da Voz. De Emoções Suburbanas, O Que é o Amor à Ave Maria, você conhece um pouco mais sobre Selma Reis na entrevista para o Jornal Copacabana. Confira:
Jornal Copacabana: Você foi criada em uma família de seresteiros. A vontade de cantar apareceu naturalmente?
Selma Reis:
Lá em casa gostavam de uma festa! Ninguém era profissional, eram todos amadores. Era uma gente musical. Mas acabei entrando na faculdade de Comunicação Social.

J.C: Mas acabou deixando a faculdade de comunicação para estudar música na França.
S.R:
Não fui para lá, especificamente, estudar música. Fiz dois anos da faculdade de Letras. Mas quando eu cheguei comecei a me interessar por técnica vocal, o que, naquela época, não era comum aqui no Brasil. Foi muito interessante porque aprendi o aparelho vocal, como funciona e como usá-lo corretamente.

J.C: Estudar música na França influenciou o seu estilo?
S.R:
Não se falava em técnica vocal na época aqui no Brasil, apenas no estudo de música clássica, que eu não tinha entrada na época. Na questão do ritmo, aqui é um país muito rico, se não for o mais rico de todos nesse quesito. O que me pegou foi a música clássica. Tive influência de Jacques Brel, que apesar de ser belga, me influenciou muito enquanto eu estava na França, me pegou com a sua maneira dramática de cantar, forte... Como Edith Piaf, que eu também adoro. (risos).

J.C: De volta ao Brasil você gravou seu primeiro LP Selma Reis, independente, “na cara e na coragem”, com ilustres convidados como Jaques Morelenbaum, Geraldo Azevedo, Paulo Jobim, Armandinho, entre outros.
S.R:
É verdade. Fiz com o Locca Faria, que me acompanha profissionalmente e como meu companheiro desde o começo. Ele conseguiu apresentar o meu trabalho para Dori Caymmi, Danilo Caimmy, Sueli Costa... É um trabalho que eu tenho muito carinho e admiro, pelo que conseguimos fazer desde o início.

 
.C: O seu segundo LP foi lançado pela Polygram. Foram 12 álbuns que você gravou ao longo de mais de 20 anos de carreira. Em 1993 você gravou Selma Reis com arranjos de Graham Preskett, arranjador de Paul McCartney e Elton John...
S.R: Esse foi um momento especial na minha carreira. Graham Preskett era muito simpático, relaxado, acredito que ele era assim por ser muito competente, talentoso e seguro. Tudo que fazemos quando trabalhamos com arte, tudo acrescenta para o momento seguinte. Foi emocionante ter a Orquestra Filarmônica de Londres gravando o meu disco, com ele regendo.

J.C: E quando cantou ao lado de Cauby Peixoto? Juntos vocês ganharam o Prêmio Tim de MPB como Melhor Dupla de Canção Popular do ano de 2003.
S.R:
Esse foi outro momento maravilhoso! Sempre fui muito fã do Cauby, é um cantor incrível! É impressionante como ele mantém a voz limpa, canta com a alma, com força na voz, é algo impressionante. Aprendi muito dividindo o palco com ele... A generosidade que ele tem com o colega de palco, a humildade e o carinho que tem com os fãs... Cantar com ele foi emocionante.

J.C: Como é, para uma artista que tem 12 discos gravados, que pautou a carreira pelo estudo e dedicação à profissão, buscando a qualidade musical, ver novos artistas que aparecem, fazem um sucesso estrondoso, são idolatrados, mas não conseguem se manter por falta de qualidade musical?
S.R:
Não tem jeito. Acredito que há uma necessidade por parte da indústria fonográfica. São duas características: ela vive de lançamentos e do catálogo que tem (os grandes artistas da gravadora), que tem anos de carreira, qualidade, que revolucionaram a música... Enfim, acho que é necessidade do mercado associado ao surgimento da indústria da celebridade... Tem que saber conviver e fazer o seu trabalho.

J.C : Você participou em 1998 do espetáculo O Abre Alas, em 2001 da série de tv Presença de Anita, e seguiu nos espetáculos teatrais e novelas como no elenco de Um Dia de Sol em Shangrilá, Opera do Malandro, Páginas da Vida, Caminho das Índias e Chicago! De repente resolveu virar “cantriz”?
S.R:
Acho que eu sempre tive alma de atriz. Aprendi muito com os grandes artistas e diretores com quem trabalhei.
Sempre fui apaixonada por interpretação e acho que meu canto melhorou muito depois que atuei, desenvolveu mais a minha alma de intérprete. Um complementou o outro. Sempre dei muita importância à letra, à palavra.

J.C: Fale sobre o seu novo CD O Poeta da Voz, com músicas de Paulo Cesar Pinheiro.
S.R
: Gosto tanto da palavra e da poesia que gravei em 1996 Achados e Perdidos, com composições do Gonzaguinha e agora gravei esse do Paulo Cesar Pinheiro, pelo meu selo. O título é meu, porque realmente o considero o poeta da voz. Já foi gravado por grandes compositores. Fiz questão de gravar as músicas que mais gosto dele, sem pretensão de desbancar nenhum outro intérprete que já tenha gravado as músicas que estão meu CD. O que já foi feito está na história.

          JC: Mais uma ousadia na sua carreira, uma vez que os críticos e até o público, se acostumaram a ouvir músicas desconhecidas em novos trabalhos.
S.R:
É. Mas eu queria gravar as que eu mais gostava. Agora tenho esse trabalho para sempre. (risos).

        J.C : Na sua discografia há um CD de música sacra. Isso influenciou a sua vida ou o seu momento pessoal influenciou a escolha do gênero?
S.R:
Adoraria ter sido cantora de ópera. (risos). Sempre gostei muito do estilo e sempre quis fazer um disco com músicas clássicas. Lancei esse CD aproveitando que eu estava fazendo uma freira que cantava música clássica na novela Páginas da Vida. Só assim tive um motivo para gravar. Foi muito gratificante. Fiz ainda um segundo CD nesse estilo, onde declamo a história da Virgem Maria.

J.C: Você nasceu em São Gonçalo. Hoje é moradora de Copacabana.
S.R:
Morei em vários bairros, vim para Copacabana há uns 10 anos e adoro! (risos). Essa coisa de esquina, que é típica de subúrbio, de você encontrar as pessoas, tomar um cafezinho... Essa coisa meio bucólica... Gosto muito. Sem falar na praticidade de encontrar o que você precisa. Dá para sair, comer um galetinho à tarde... Adoro a mistura que tem aqui, acho a cara do Rio de Janeiro. Pessoas diferentes, de classes sociais distintas, credos, cores... Acho incrível!
J.C: Deixe seu recado para os leitores de Copacabana.
S.R:
Vocês são privilegiados por morar em um bairro tão gostoso, democrático e a cara do Rio como Copacabana. Conheça um pouco mais de Selma Reis em www.selmareis.com.br.




Segunda-feira, 26 de setembro de 2011

 

http://brasildiversificado.blogspot.com.br/2011/09/brasil-diversificado-entrevista-selma.html

Brasil Diversificado entrevista Selma Reis

O blog Brasil Diversificado publica, esta semana, a entrevista concedida por Selma Reis, grande cantora e musicista vinda de Niterói e que nos premia com uma música digna de figurar entre as nossas maiores.
Blog: Selma Reis, uma das vozes mais marcantes da MPB, por favor, a casa é sua...

Selma: Feliz em estar aqui nesse espaço criado com muito carinho por vocês. Espero que possamos ter uma intensa troca de emoções e informações. Estarei aqui sempre à disposição de todos, de coração aberto.


Blog: Nascer no Rio de Janeiro (Niterói), uma terra extremamente musical, ter vindo de uma família e ter tido amigos que possuíam relação com a música, facilitou a escolha da profissão?

Selma: Com certeza. É claro que o fato de ter escutado as grandes vozes brasileiras na minha infância definiu o meu gosto e o meu “teor” interpretativo das canções. Tenho de acrescentar as grandes vozes americanas também, como Ella Fitzgerald, com aquela liberdade do fraseado que só uma boa técnica permite.



Blog: Sua formação musical, embora com influências locais, é basicamente eurocêntrica, afinal você largou uma graduação (Comunicação) para embriagar-se de novas culturas na França. Faça uma análise deste período para sua vida e carreira.

Selma: Deixei a faculdade de comunicação para passar 3 anos na frança. Eu resumo esse período da minha vida como antes e depois. Essa experiência me definiu como mulher, profissional, enfim... Interessei-me definitivamente por técnica vocal, que fundamentou o meu trabalho, minha maneira de ver a música e o canto.



Blog: De volta em 1987, você se lançou no Mercado Independente e gravou seu primeiro disco, Selma Reis, com a participação  de grandes nomes da MPB, como  Dori Caymmi, Jaques Morelenbaum, Geraldo Azevedo, Paulo Jobim, Armandinho e Sueli Costa, dentre outros. Quais as lembranças que você tem deste trabalho?

Selma: Esse momento foi sublime para mim, único. Como foi lindo estar diante de tanta gente maravilhosa do meio musical com a alma inocente e pura para vivenciar aquela atmosfera muito nova para mim! Mas também foi o momento de cair na real, cair na labuta, realizar e mostrar a que veio.

Blog: No segundo disco, gravado em 1990, você se lançou novamente, trazendo consigo nomes como Milton Nascimento e Ferreira Gullar, que compuseram Meu Veneno especialmente para você, Wagner Tyso, e com certeza uma Selma diferente do primeiro disco. Qual a diferença de um trabalho para o outro?

Selma: No segundo já havia a responsabilidade de alguma coisa nova acontecer, agora era um trabalho saindo por uma multinacional. Mas apesar da pressão da gravadora em querer só músicas comerciais consegui um disco com grandes músicos, arranjadores e um repertório de muita qualidade. Essa música do Milton com Ferreira Gullar, O que é o amor, foi a música que de uma certa forma aconteceu, foi muito bom para o cd e para a minha carreira.

Blog: No terceiro disco, Só dói quando rio, você presenteia novamente seu público com nomes como Aldir Blanc, o saudoso Raphael Rabello, Eduardo Souto Neto e outros grandes nomes da Música Nacional. Qual foi o momento mais marcante neste trabalho?

Selma: Essa música, Só dói quando eu rio, é uma obra-prima do Moacyr Luz e Aldir Blanc, um cd que tem Ivan Lins, Rafael Rabello e tantos outros. Sem dúvida mais uma etapa importante no meu trabalho.

Blog: Gostaríamos, Selma, que você fizesse uma análise geral do seu trabalho no decorrer destes quase trinta anos de dedicação à música brasileira. Você, que embora não tenha recebido da mídia a atenção necessária, reuniu grandes nomes e participações de artistas de muito peso na música nacional e internacional, se sente realizada, ou há ainda muito o que conquistar nas artes?

Selma: Para uma pessoa ligada de maneira visceral com a voz, o jogo nunca acaba. Com certeza tentarei sempre realizar os meus mais ardentes desejos com a minha voz e com a música. Tenho um estilo próprio, sei que os críticos e mesmo uma parte do público gosta de escutar trabalhos “comparáveis”, isso dá um descanso emocional e intelectual. Desenvolvi o meu próprio estilo de acordo com a minha alma, que é trágica, mas que ao mesmo tempo tem muito humor. Mas o que mais me deixa feliz é que tenho um público cativo e conquistado com muita verdade.



Blog: Atriz de grandes espetáculos, clássicos do teatro, musicais, óperas, e novelas, mãe, mulher, cantora... em quais destes papéis Selma Reis atinge a plenitude?

Selma: Na verdade me pareço com a maioria das mulheres, exigindo sempre a perfeição em tudo, coisa impossível de ser alcançada. Como mãe, por exemplo, acho que consegui desempenhar muito bem. No palco é onde vivo a minha plenitude em todos os sentidos. Confesso que agora na maturidade estou me descobrindo e vendo a vida de uma outra maneira. Estou gostando muito!

Blog: A música clássica lhe arrebatou definitivamente, depois da sua representação interpretando a irmã Zenaide em Páginas da Vida, de Manoel Carlos, em que inclusive alguns apresentações foram feitas nos palcos. Como foi para você esta experiência?

Selma: Fazer essa personagem me permitiu realizar um sonho desde sempre que era fazer um trabalho de música clássica. Consegui fazer 2 cd’s: um é o sagrado, com música sacras de Handel, Mozart, Schubert etc... E o outro, Maria mãe de Jesus, um cd duplo em que no cd História narro a vida de virgem Maria e no cd Música canto, dentre outras, Ave Maria, da ópera Otelo, de Verdi. Foi um momento precioso na minha vida.
Blog: Com diversas opiniões por parte da critica,  recentemente você gravou um disco, interpretando a obra de Paulo César Pinheiro. A Selma de hoje é influenciada por diversos gêneros, artistas e interpretações? Você pode considerar-se hoje musicalmente mais amadurecida?

Selma: Com certeza. A verdade é que sempre lutei pela minha liberdade de expressão, nunca me preocupei em me enquadrar dentro de modelos pré-concebidos, o que de fato faz com que se pague um preço alto. Cada trabalho meu é diferente. O meu estilo é a minha voz. Tenho uma alma artística “vagabunda”, “andarilha” e inquieta.



Blog: Para finalizar, gostaríamos de agradecê-la por esta participação em nosso blog, e deixar o espaço aberto para que você feche este nosso bate papo.

Selma: Acho que esse blog deva ser um espaço para nos conhecermos musicalmente e artísticamente e nos divertirmos, é claro, que ninguém é de ferro. No mais, vamos em frente que atrás vem gente!


           De frente com Selma Reis

Um desejo: Um cd de tango e outro de fado.

Thiago: Meu filhão lindo e adorado.

Música: Sem ela não há vida possível.

Uma paixão: O canto e o palco.

Uma música: Emoções suburbanas.

Um momento: O nascimento do meu filho Thiago.

Uma mensagem: Prosseguir sempre!



Contatos:


Tel: (11)98173-8058

Crédito das fotos: http://www.selmareis.com.br/


Video: Selma Reis interpretando "Sangrando", de Gonzaguinha. Originalmente postado no Youtube. 



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